Do preço da madeira e do valor dos solos
O Jornal de Negócios de 21 de abril de 2023, publica uma entrevista a Edward Daniels, analista de ativos florestais, que pode ser lida aqui.
Nesta entrevista, refere-se que é previsível que até 2050 triplique a procura de madeira e que o contributo da floresta para a atenuação das alterações climáticas, decorrente da captura de CO2 que elas proporcionam, tenderá a ser valorizado. Refere-se ainda que entre 1998 e 2020 a madeira proporcionou um rendimento superior às obrigações americanas e às ações não americanas.
Na entrevista referida indicam-se quatro fatores que justificam o investimento em ativos de natureza florestal e que são os seguintes:
. tendência de valorização dos preços da madeira a longo prazo
. contribuição da floresta para o combate às alterações climáticas e para a obtenção da neutralidade carbónica, devido à sua capacidade de captura e retenção de carbono
. potencial de valorização por via de uma adequada gestão florestal e pelo uso dos solos em utilizações alternativas compatíveis com a exploração florestal
. contribuem para a diversificação de uma carteira de investimentos, tendo os ativos florestais uma baixa correlação com os ativos financeiros
Concordando e parecendo-nos justificáveis os argumentos anteriormente referidos, admite-se que numa correta avaliação (ou modelação de valor) de solos de natureza florestal, deverá ser considerado o seguinte:
i) Se a avaliação do terreno tiver subjacente um rendimento atual florestal que é tomado como “constante e perpétuo”, a taxa de atualização (capitalização) a adotar deverá ser baixa (1,50 a 2,50%), na medida em que, pelas razões atrás indicadas, há um baixo risco associado à ocorrência dos rendimentos futuros.
ii) Se na modelação de valor admitida, ao invés de se considerar o rendimento como “constante e perpétuo”, se admitir o rendimento dos dois primeiros cortes, acrescido do valor residual do solo, para estimarmos este valor parece justificável admitir-se uma valorização real.
iii) Para estimar o rendimento potencial de um solo de natureza florestal, é hoje cada vez mais evidente, que para além do valor dos produtos, deve também ser considerado o valor económico do sequestro do CO2.
iv) O investimento em terrenos florestais já considera a contribuição destes solos para a neutralidade carbónica; por esta razão é cada vez mais importante monetizar a função de sequestro de carbono da floresta.
Sobre este tema já publicámos neste blog os seguintes posts:
Novas utilizações dos solos rústicos de 06 de set. de 2022
Da monetização da captura de CO2 de 25 de jul de 2022
Remuneração da função ambiental da floresta de 06 de abr de 2022
Para quando a monetização da função de sumidouro de carbono? de 25 de out de 2021
Do valor do “sequestro de carbono” de 31 de mai de 2021
O valor dos solos rústicos e o objetivo da neutralidade carbónica de 08 de jun de 2020
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